sábado, 13 de junho de 2015

Video do parto da Nina


Precisa estar logado numa conta da Google, porque algum mal resolvido denunciou o vídeo como contando cenas de nudez. Bem, de roupa os bebês não tem como sair, né...

http://youtu.be/VYdlGrfhp7k

sábado, 10 de janeiro de 2015

Nasceu Nina! Relato de nosso parto domiciliar planejado

10 de janeiro

07:17
Hoje acordei cedo e não consegui dormir mais. Sei que não foi por causa do quarto claro, cuja janela totalmente aberta deixava entrar a luz de uma linda manhã, mas era a sensação de que hoje algo iria acontecer. Ontem tive uma minúscula perda de tampão, talvez eu nem tivesse visto, mas eu estava atenta a qualquer sinal, porque sentia que seria nesse fim de semana que você chegaria, Nina.
Dia 10 de janeiro. Levantei, após esperar passar uma longa contração indolor, como as várias que venho tendo nos últimos dias, em preparação para nossos corpos se acostumarem com esses abraços apertados que te conduzirão aqui para fora. E uma canção não me saiu da cabeça "Meu coração pulou, você chegou, me deixou assim, com os pés fora do chão, pensei 'Que bom! Parece, enfim, acordei.'" Cantei baixinho, pois em casa todos ainda dormiam, e lágrimas me escorreram pelos olhos, enquanto a voz embargava. Fiquei imaginando sua chegada e que eu e sua irmã cantaríamos pra você essa canção.
No papel higiênico, mais tampão, dessa vez não teria como passar despercebido. Sinto vontade de logo trocar de roupa e ir andar um pouco, estimular meu corpo pra que ele fique desperto e presente para tudo que poderá acontecer. Mas vou esperar até que alguém mais acorde, para me fazer companhia lá embaixo. Queria que fosse seu pai, mas ele não vai acordar tão cedo, e é até bom que descanse, porque pode ser que tenhamos um longo dia pela frente...

13:03
Como ninguém acordou, fui ficando entediada e o sono voltou. Deitei novamente e só acordei às 10h. Tomei um banho e percebi que as contrações estavam vindo com uma dorzinha na parte baixa da barriga, mas bem espaçadas. Resolvi baixar um aplicativo para monitorar a freqüência e duração dessas contrações. Ainda não existe um padrão, chegam a cada meia hora, 20 minutos, 40 minutos... E duram uns 40 segundos.
Mais tampão saiu, dessa vez não agüentei guardar pra mim e fui mostrar pro Arthur. Que bom que ele não teve nojo, até quase esboçou um sorriso.
Seus avôs parece que estão sentindo sua chegada. Os dois já ligaram pra ter notícias de nós. 
Você continua mexendo muito, até porque esses abraços apertados que são as contrações não devem estar te deixando tirar cochilos muito longos. E eu adoro sentir essas mexidas, que me mostram que você está bem. Aproveito pra conversar, mexer na barriga, afinal, logo estaremos juntas e quero que você ouça mais da minha voz hoje, pra que ela te acalme assim que você vier pro meu colo. Talvez por isso eu esteja tão tagarela.

15:13
Saímos para almoçar e as contrações deram uma desregulada. Ora intervalo de 9 minutos, ora de quase meia hora. Estou com medo de não saber que horas ligar pra equipe, porque estou esperando vir uma dor maior, ou um intervalo menor, e não sei se eles virão.
Em casa, melhor deitar. Todos precisamos descansar para o que está por vir.

19:37
Nunca imaginei que, sendo essa a segunda gestação, fosse ter pródromos tão longos. 12h já sem evolução no padrão. Mesmas contrações pouco doloridas e sem intervalo ritmado...

23:01
Há uma hora pedi ao Nego que me acompanhasse lá no play pra dar uma caminhada. Na meia hora que ficamos lá, não veio nenhuma contração. Depois vieram duas num intervalo de 20 minutos... Vai entender! Pródromos...
Vou me deitar agora um pouco frustrada, mas ainda com esperança de que o trabalho de parto engrene de madrugada. Acabou de sair mais um tanto de muco do tampão. Queria muito que, com o calor que anda fazendo, o parto fosse à noite. Ou Nina vai nascer na banheira com água fria.

11 de janeiro

04:09
Desde mais ou menos 1:30 venho sentindo contrações mais dolorosas e, como eu já sabia, a posição deitada aumenta a dor. Então pedi pra minha mãe trocar de quarto comigo, porque eu estava numa cama de solteiro com o Nego na caminha de puxar e, para ficar em pé, precisava passar por cima dele, um custo. Já minha mãe e Aurora estavam na cama de casal, então trocamos no meio da noite. De lá para cá já foram algumas contrações bem doídas de mais ou menos meia em meia hora. Precisei me levantar e me apoiar na janela para dar uma rebolada. Então deu fome. Enquanto lanchava, senti algumas contrações mais fracas. E fiquei me perguntando que horas devo ligar pra equipe, porque se me adianto muito, elas ficam aqui esperando sem nem ter lugar pra se deitarem. Se demoro muito, corremos o risco de ter um parto desassistido e não fotografado. Não consegui dormir depois disso e fiquei monitorando o intervalo. Está ainda desregulado, mas bem menor e com menos dor, chegando a 4 minutos às vezes.
Assim que clarear o dia, ligo pra elas virem. Se der pra esperar até lá.
05:08
Não deu pra esperar. Ligamos pras três: doula, enfermeira e fotógrafa, que estão a caminho. Ainda sem padrão, mas muito próximas, as contrações estão ficando mais doloridas. Quando falo em dor, não é algo insuportável, nem mesmo ruim. É a dor que eu tanto ansiei por sentir nesses últimos dias. É uma fisgada que me lembra que está finalmente chegando minha Nina. Quando ela começa, preciso me concentrar, deixar de conversar e lembrar de respirar fundo para que não falte oxigênio pra Nina. Por enquanto está tranquilo. Vamos dando, assim, um passo de cada vez.

05:34
Está lindo ver minha mãe e o Nego preparando a casa, tirando malas e móveis para dar lugar a apetrechos do parto. Aurora e Jojô ainda dormem. Estou imaginando a carinha da Lola ao acordar e ver a movimentação pela casa, talvez me veja na piscina... E ela vai entender que agora a Nina está mesmo chegando!
Queria conseguir me deitar um pouco mais, mas é difícil me levantar quando a contração já começou e ficar deitada é sem chance. Até que a Junia chegue com a maravilhosa bola suíça, o jeito é ficar segurando na beirada da janela e dar umas boas reboladas.

(E aí tudo aconteceu! Já é dia 12 de janeiro, vou tentar recordar com o máximo de detalhes os eventos que sucederam a ultima anotação)

Por volta das 6:30 chegaram a Sintia, nossa enfermeira e a Kalu, fotógrafa. Sintia viu minha pressão e ficou conosco até que chegasse a Jordânia, porque ela teria que sair pra um batizado. Ainda teve tempo de montar toda parafernália que garante segurança ao parto em casa; até balão de oxigênio veio. Já adianto que não precisamos de nada! A princípio ficamos meio inseguros de não termos a Sintia conosco, porque não tínhamos encontrado com a Jordânia ainda, mas eu confiava que seria uma excelente profissional. E foi!
Junia chegou trazendo doçura e apetrechos para aliviar a dor. Até então, vinha contração, eu me segurava na janela ou numa parede e rebolava. Aliviava um pouco e, na verdade, esse deve ter sido o movimento que mais fiz sempre que estava em pé.
Com a chegada da Junia primeira posição que tentamos foi de quatro na cama, apoiada sobre a bola suíça e recebendo massagem na lombar. Essa massagem acabou sendo a melhor anestesia do meu parto e sem ela não sei se teria conseguido! Incrível como um toque torna a dor mais suportável!
Mas ficar de quatro fez doer minhas pernas e braços, então alguém me sugeriu de ir para o chuveiro com a bola. Fomos eu e o Nego, ele ficou do lado de fora, sentado no vaso, me olhando. Às vezes ele abria a porta do box pra me ver melhor, por causa do vapor, mas, apesar de eu desejar estar próxima dele, entrava um vento friiiio e eu precisava fechar o box. Eu deixava a água bem quente cair e rebolava na bola, era uma sensação tão boa que relaxei ao ponto de cochilar com a cabeça apoiada na parede. Mas tanto relaxamento fez com que as contrações ficassem espaçadas, eu precisava me movimentar pra que elas viessem mais efetivamente e dessem conta de dilatar o colo. Então saí do chuveiro e fui caminhar, depois sentei na bola com Junia massageando as costas e me apoiando no Nego... Fomos tentando várias coisas.
Depois disso as lembranças começam a ficar meio embaralhadas, talvez porque, enfim, eu tivesse entrado no trabalho de parto ativo. Antes disso era a fase latente, com contrações mais espaçadas e suportáveis. Quando começaram a ficar próximas, Kalu, que antes de ser de fotógrafa é doula, sugeriu que eu entrasse na banheira. Foi uma sensação muito boa ter o corpo coberto pela água morna. Mas nas contrações, novamente, eu precisava da mão da Junia na minha lombar. Sei que fui alternando, ora ficava na banheira, ora me levantava um pouco e andava... Durante todo o tempo a Jordânia vinha ver os batimentos da Nina, mesmo dentro da banheira, e tudo estava perfeito. Fiquei encantada porque ao invés de me pedir para ficar quieta para ver os batimentos, ela dizia que eu podia me mexer quando viessem as contrações. Em momento algum me foi sugerido fazer exame de toque. Eu até fiquei curiosa em alguns momentos, afinal, sentia dor e queria muito poder ouvir "Quase! 8 centímetros!" Mas não podia correr o risco de ouvir "4 centímetros", porque aquilo poderia me desestabilizar e me fazer pensar que não fosse conseguir. Então decidi não pensar nisso e nem nas horas. Só ia seguindo o ritmo que as contrações iam ditando.
Tive muita sede e pedi água o tempo todo. E sempre alguém me oferecia algo para comer. Passas, castanha, suco, melzinho... Isso me garantiu energia.
Por volta de meio dia saí da banheira para a banqueta de parto. Veio uma contração e eu empurrei. A bolsa de líquido amniotico literalmente explodiu. Parecia que tinha estourado uma bexiga de água no meio das minhas pernas. O líquido foi longe! Logo depois, a próxima contração veio mais suportável ao invés de ficar mais intensa, como eu imaginei que fosse. O líquido estava claro, o que é um ótimo sinal, e continuou saindo nas próximas contrações. Eu sabia que, depois disso, o parto talvez evoluísse mais rápido, porque ela iria encaixar e começar a descer pelo canal vaginal.
E foi exatamente o que aconteceu. Logo voltei para a banheira e vieram várias contrações. Eu fiquei de olho fechado quase o tempo todo e dormia entre as contrações, ouvia a voz da Aurora longe, brincando com a madrinha (como fala alto essa criança!), às vezes abria os olhos e via minha mãe passar de um lado para o outro, parecia tensa. Disse qualquer coisa para acalmá-lá, mas não sei se adiantou. O apartamento pequeno não pareceu cheio hora nenhuma, cada um se ocupava de uma missão, desde ir com Aurora pro play até aquecer água nas panelas para deixar a piscina sempre morninha.
Na minha cabeça, nada estava acontecendo. Vinha contração, vinha o sono, vinha outra contração parecia que muito tempo depois... Apesar dos olhos fechados e de me transportar pra longe, estive bem mais consciente que no parto da Aurora, que aconteceu na base da ocitocina sintética. Assim, consegui perguntar algumas vezes se esse tipo de contração parecia ser eficiente, se estavam durando o suficiente pra trazer a Nina. Jordânia e Kalu me confortavam dizendo que estava tudo certinho e que estava quase. Como no parto da Aurora, achei que estavam me enrolando e só acreditei que estava quase quando coloquei o dedo dentro de mim e senti, bem no fundo, a cabecinha da Nina! Depois disso as contrações foram ficando diferentes. Eu já havia dilatado tudo, agora era a fase explusiva. Nina iria descer pelo canal vaginal e sair. Eu sabia disso, afinal, já estudei tanto a fisiologia do parto. Entender como meu corpo iria funcionar trouxe uma tranquilidade enorme, não sei como não falamos sobre isso nas escolas, toda mulher deveria saber o que acontece com seus corpos quando está parindo!
Então cada contração trazia consigo o desejo de empurrar. Era mais forte que eu, sentia minha barriga contraindo e uma pressão no reto, como se fosse sair um cocô. E eu sabia que até poderia sair e isso seria normal. Mas era "só" a cabecinha da Nina descendo no canal e comprimindo o reto. Comecei a colocar o dedo com mais freqüência e logo sentia ela a pouco mais que a dobrinha do dedo médio, seja lá quantos centímetros dá isso. Era muito pertinho! Logo ela ia coroar! Batimentos ainda super normais, Nego sentado atrás de mim, eu apertando a mão dele, Junia me fazendo massagem na lombar, os dois me lembrando de respirar fundo pelo nariz e soltar soprando devagar... Estava tudo acontecendo tão bem!
Sim, doía, claro, mas era uma dor diferente, era uma dor boa, se é que isso existe! Essas contrações não eram reprimidas, mas muito desejadas, porque eu sabia que cada uma delas trazia a Nina pra mais perto de nós. Me peguei sorrindo entre as contrações e até quando elas começavam. Abri os olhos e vi a Kalu registrando e fiquei feliz, porque queria poder mostrar para o mundo que o parto não precisa ser um evento temido, mas que pode ser vivido com alegria! O que eu sentia era algo mágico, eu não conseguia não sorrir.
Bem, até a contração vir mesmo, porque aí me doía e eu soltava meus grunhidos, às vezes gritos, chamava pela Nina. 
Como fui saber depois, quando me ouviu gritar, Aurora, que até então estava no quarto, pediu para ir ver e queria que minha mãe fosse junto. Isso foi ótimo, porque ela estava receosa e talvez não tivesse ido por conta própria. Logo todos estavam na sala e eu entendi que era mesmo a hora. Pedi que colocassem as músicas que eu havia escolhido para esse momento. Ou seja, até ali, totalmente consciente! Existe o que chamamos de partolândia, que é um estado de quase alucinação em virtude dos hormônios. Praticamente não aconteceu comigo, infelizmente, porque é uma droga deliciosa de ser usada, sem contra indicação!rs Fiquei tão consciente que perguntei se haviam pegado fraldinhas para cobrir a Nina.rs
E aí veio o círculo de fogo, a sensação de ardor e queimação de quando a cabeça começa a esticar a vagina. Não foi legal! Pensei que ia conseguir parir toda linda e bela, só na base da respiração bem funda e de gemidos com classe, mas, que nada. Gritei, xinguei, desejei que acabasse logo. Porque arde mesmo! Logo mais uma contração e meu corpo empurrou várias vezes e a cabeça dela começou a sair! Cabeluda! Ouvi Aurora dizer: "Ela é moreninha!" Minha barriga ainda grande não me deixava ver direito. Nesse momento o Arthur já tinha trocado de lugar e estava na minha frente, pronto para amparar nossa filha. Junia ficou atrás de mim para segurar minhas mãos. Tentei não apertar muito, como vinha fazendo com o Nego, pra não machucar minha doula.rs
Mais contração e saiu toda a cabecinha dela! E parou de arder. Faltavam os ombros, queimou de novo, mas logo ela veio, até a cintura, ficando apenas com o quadril e as perninhas dentro de mim.
Que momento mágico!! Minha filha ali, parte fora e parte dentro de mim, se despedindo do lar que a abrigou por 40 semanas e 1 dia, e reconhecendo o mundo no qual passaria a habitar. Ela abriu os olhos dentro da água, mexeu as mãozinhas. Arthur e eu a tocávamos, esperando que terminasse de sair. Ela permaneceu assim ainda por umas duas contrações e depois veio inteira, pelas mãos do pai, direto para o meu colo. Roxinha, peludinha, zunhudinha! Não chorou, só fez uns barulhinhos de quem está estranhando um pouco as coisas. O relógio marcava 13:50, ou seja, depois que a bolsa estourou aconteceu tudo isso em menos de duas horas.



 Ficamos ali, na mesma posição, Nina sobre mim, coberta por uma fraldinha, que íamos molhando para que ela não sentisse frio. Arthur e eu cantamos para ela "Meu coração pulou, você chegou, me deixou assim..." Todo mundo emocionado, Aurora mostrando o desenho que havia feito para a irmã e onde pediu que a vovó escrevesse "Estou muito feliz porque minha irmã vai chegar." Depois de algum tempo, ela estava dentro da banheira conosco, beijando a irmã e fazendo sapequices.
E eu não conseguia acreditar, tinha sido lindo demais! Meu marido, filha, mãe e tia haviam visto todo o parto, participado, se emocionado, e depois não ia ter berçário nenhum, separação nenhuma! Tinha dado tudo certo! Aliás, faltava um detalhe importante: a placenta. Ela ainda precisava sair. A da Aurora saiu logo depois que ela nasceu, mas a da Nina demorou um pouco mais. Ainda na banheira tentamos colocar a Nina para mamar, porque ela já estava procurando o seio e porque isso estimula o útero a contrair e a liberar a placenta. Kalu disse que, por estar na banheira, ela tenderia a não sair tão facilmente, que o ideal era me levantar. Então tá, vamos lá, força na peruca. Como eu ia levantar com a Nina ainda presa a mim pelo cordão, no meu colo, com o corpo fraco e o cóccix doendo, eu não sabia. O Nego me sustentou e fiquei de pé, meio trêmula. Consegui sair e me sentei, com a Nina ainda no colo, na banqueta de parto. O cordão ainda não havia sido cortado porque, apesar de passada quase uma hora, ainda pulsava! Junia desceu para pegar uma vasilha no carro, para colocar embaixo de mim, para que a placenta caísse lá. E foi a conta de ela entrar de volta no apartamento, eu senti que a placenta vinha escorregando com uma contração. Disse pra ela correr, que não ia dar tempo, mas até isso foi perfeito, porque assim que ela colocou a vasilha, a placenta caiu. Com ela, fizemos uma impressão chamada de árvore da vida, que é feita com o próprio sangue da placenta. Coisa de índia parideira. Só não comemos a placenta, mas guardamos no congelador para levar para casa e depois colocar na terra, onde plantaremos uma árvore por cima. A placenta é muito rica simbolicamente, afinal, foi o órgão responsável pela nutrição e respiração da Nina enquanto esteve na barriga. Uma vez que o cordão havia parado de pulsar, Arthur e Aurora cortaram-no.
Nina passou por alguns exames no meu colo, com todo respeito, e depois por alguns outros na cama, do meu lado. Foi pesada e medida e me espantei com seus 3,530kg e 51,5cm! Eu também fui examinada, para ver se precisaria levar algum ponto no períneo. Eu tinha certeza que, pelo tanto que tinha ardido, precisaria de algum ponto. E aí, a notícia pra fechar com chave de ouro meu parto perfeito: períneo integro! Sem lacerações! Com algumas escoriações, é verdade, mas são machucadinhos tão pequenos que não necessitariam de pontos.
Fiquei sentada na cama com minha filhota, dando o peito, que ela logo sugou com força e durante muito tempo. As pessoas na casa iam e vinham, conversávamos e tal... E nem me dei conta de que enquanto eu estava lá, as pessoas estavam trabalhando para deixar a casa toda arrumada, esvaziando e limpando a piscina (que depois foi enchida com água fria para Aurora e o papai brincarem um pouco - e onde o Nego comemorou tomando uma cerveja!), colocando panos de molho, guardando objetos... Quando vi, a casa estava toda arrumada.
Bateu uma fome danada. Comi pão, depois pedimos pizza. E aí nossa equipe começou a se despedir. Eu não tinha palavras para agradecer a cada uma daquelas mulheres e acho que nunca terei. Cada uma, com seu lindo trabalho, fez com que meu sonho por um parto natural e domiciliar se tornasse realidade. E elas, sábia ou modestamente, me respondiam que não fizeram nada, que eu quem fiz tudo e elas só ficaram olhando.
Mas eu sei que meu parto não teria sido possível sem a presença de cada um ali. Arthur, com sua calma, paciência e força, me deu apoio emocional e físico. Junia, com doçura, delicadeza e um toque firme, me trouxe alívio para a dor. Kalu, com sua experiência e sabedoria, me trouxe tranquilidade e ainda registrou com seu lindo trabalho imagens com as quais logo poderemos relembrar e compartilhar esse momento. Sintia, apesar de não estar fisicamente no parto, já nos havia passado toda segurança. Jordânia e Eliane, com total entendimento do termo "humanização" e confiança que mulheres sabem parir, cuidaram de monitorar que tudo ia bem, sem em momento algum desrespeitarem minhas escolhas. Minha mãe, Rejane, que mesmo com seu silêncio e um pouco de temor, não deixou de me apoiar e de estar aqui comigo quando eu pedi. Minha tia, Giovana, com seu coração enorme, que cresceu como cresceu seu apartamento para abrigar a chegada da Nina. Aurora, com seu amor e confiança em mim, participou de tudo com naturalidade e recebeu a irmã como um presente há muito esperado. E claro, minha pequeNina, que foi a razão para que todos estivéssemos ali, naquele momento, me dando a experiência mais fantástica que um ser pode viver.
Gratidão a todos vocês! Estou em êxtase!


Nina nasceu em Belo Horizonte, no dia 11 de janeiro de 2015, às 13:50, no apartamento da minha tia, com a equipe de parto domiciliar do Sofia Feldman, pelo SUS.



quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Faltam dias... Ou não.

No parto natural não existe contagem regressiva. Não existe nada além do instinto, do achismo, da aposta. Mas, mesmo assim, existem vários métodos para se calcular a possível data do parto. Um deles é a partir da data da última menstruação, de onde se estima a data da ovulação e fecundação. Esse é o método dos médicos. Minha data é 10/01, depois de amanhã. Outro método é pelo tamanho do embrião no primeiro ultrassom, também usado pelos médicos para confirmar o primeiro método e para corrigir a data no caso de mulheres com ciclos irregulares. Nesse exame, minha data deu dia 10/01 também. Para quem acredita no poder da lua sobre o corpo, assim como ela age sobre as marés, existe o calendário lunar, que diz que dez luas após a última menstruação, ou nove luas após a data da concepção, será o parto. De acordo com esse calendário, a Nina nasce dia 10/01 ou 11/01.
As datas estão todas muito iguais para que eu não fique com uma esperança danada de que realmente nossa menina venha nesse próximo fim de semana. Então, de certa forma, estou com uma contagem regressiva em mente e, se passar desse fim de semana, estarei totalmente sem nenhuma outra aposta de quando será. 
Me alegra saber que para a maioria das mulheres o trabalho de parto se inicia de repente, numa cólica mais forte as acordando de madrugada, numa bolsa rompida, sem aviso anterior, apenas começando, um dia não sente nada, no outro o bebê nasceu. Para outras, existem sinais que se manifestam por alguns dias, como perda do tampão mucoso ou contrações irregulares doloridas por dois, três dias, até que o trabalho de parto, enfim, engrena. Estou sentindo que serei do primeiro time, até por ser a segunda  gestação, estou esperando um trabalho de parto não anunciado e relativamente rápido. E indolor. E orgásmico. Digam amém todos os anjos. 
Mas também tenho a serenidade de aceitar mudanças nos meus planos, pois sei que conheço o suficiente sobre meu corpo, sobre o trabalho de parto, sei que estou sendo assistida por pessoas competentes e que qualquer mudança no plano terá sido necessária. É importante saber que mesmo o que foge ao nosso controle é perfeito. E nosso parto será como ele deve ser.
Mas veja como é diferente eu dizer isso do que aquele discurso "Ah, eu quero parto normal, mas Deus que sabe, né, porque o doutor falou que até dia tal se não nascer, aí tem que ser cesariana." Nesse tipo de afirmação, o doutor É deus, porque a data do parto não estará sendo determinada nem pelo seu corpo, nem por qualquer deus no qual você creia. Se a data que os astros tinham pro seu filho nascer for depois da data que o doutor marcou, então não tem jeito, minha filha, seu filho não vai nascer no momento dele.
E qual é essa data marcada pelo doutor? Exatamente as 40 semanas. O 10/01 da Nina. Se eu não tivesse me informado, se eu não estivesse bem assistida, e se ela não viesse até o dia 10, seria nascida à força, sob o argumento de "passar da data". Perigosíssimo isso, hein? Imagina continuar no ambiente onde você viveu por 40 semanas, com tudo funcionando perfeitamente, por, digamos 6 dias a mais, ou 10, 13... Se está tudo funcionando bem, bebê recebendo nutrientes, pode ser que ele precise ficar mais alguns dias dentro da mãe pra completar alguma formação de órgão, pra ganhar peso, pra se sentir pronto pra nascer, sei lá. O motivo é desconhecido e nem me interessa saber. Bebês nascem e, se ainda não nasceu, é porque não chegou a hora. Na teoria, os médicos sabem que até 41 semanas e 6 dias a gestação é considerada a termo. Depois dessa data, é pós-termo mas, nem por isso, precisa ser interrompida. Assim como alguns bebês vão nascer antes das 38 semanas e vão nascer bem, outros vão nascer com mais de 42 semanas. (Nina, não escuta isso, tá? Ficar todo esse tempo te esperando vai fazer cair meus cabelos. Mas eu espero, se for preciso...)
E, por falar em semanas, hoje faz 2 semanas que estamos em BH esperando a Nina chegar. Obrigada, Jojô, por estar nos recebendo e muvucando sua casa. Obrigada, mãe, por ter tirado férias para estar aqui conosco e ver sua neta nascer. Obrigada, Nego, por não reclamar de não ter nada pra fazer, aguentar o calor, fazer massagem nos meus pés e levar Aurora no play e na pracinha. Obrigada, Aurora, por se divertir com qualquer papel e tesoura e por estar enchendo meus dias de carinho e chamegos. Obrigada, Nina, por ter nos escolhido e por estar me dando essa oportunidade de viver uma gestação tranquila e, em breve, um parto inesquecível.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Grrr@$&*#!!!

Irritação nível master aniquilação da raça humana.
Estou assim. Se são hormônios, não sei. Se é o calor, não sei. E pára de me perguntar por que estou assim, porque não sei! Mas queria uma caverna bem fresquinha pra me esconder por uns dias.
Hoje uma ida à rua se tornou motivo pra ficar de cara feia pra todos, desde a atendente da farmácia, até a família. Eu não quero mais ouvir "pra quando é?", nem quero ter que pedir licença pra passar na frente no caixa PRIORITÁRIO, nem quero ter que repetir ou explicar mais de uma vez e, tendo uma filha de 4 anos, preciso fazer isso muitas vezes. Me cansei. 
Posso hibernar um pouco?

Amanhã tem terapias no Sofia Feldman, com escalda pés e não sei mais o que, na verdade. Espero que sirvam pra me relaxar um pouco...

domingo, 28 de dezembro de 2014

38 semanas

Ontem, enfim, cheguei às 38 semanas, aquela data em que o bebê não é mais considerado prematuro e a partir de quando a equipe do Sofia atende ao parto em casa. Se a Nina tivesse adiantado (ou se passar de 42 semanas) o parto seria feito na maternidade, o que, convenhamos, é uma excelente alternativa, mas não é nosso plano número 1.
Estive pensando sobre isso do parto ser em casa e vi que, além de ser cômodo pra mim, será a melhor forma pra Aurora poder participar. No hospital acho que ela ficaria meio sem lugar, talvez entediada se o processo demorar... Aqui ela vai poder dormir, lanchar, brincar no play, brincar com os próprios brinquedos e estar presente no trabalho de parto sempre que quiser. Agora, parto domiciliar PLANEJADO é assim chamado por um belo motivo: além de ir atrás de equipe e me preparar para esse momento, preciso preparar a casa e encher de apetrechos que serão úteis durante e após o parto. Me dei conta de que ainda faltam algumas coisas enquanto conversava com a Kalu, nossa fotógrafa (que é também doula). Na visita que ela nos fez, falou sobre a maravilha que é a água oxigenada 10 volumes pra tirar mancha de sangue, falou sobre detalhes como comidinhas fáceis pra eu comer e que vão repor minhas energias mais rapidamente (como Gatorade, melzinho, rapadura, frutas secas, barrinhas de cereal, etc), comprimento da mangueira que vai levar a água do chuveiro pra banheira, local do pós-parto imediato, uso de lençóis brancos porque são mais fáceis de limpar depois, e mais umas coisinhas que anotei pra conferir.
E já são 38 semanas, people! Amanhã vou entregar uma lista pro Arthur de farmácia e supermercado. Eu queria mesmo era ir e escolher, mas é a preguiça de ficar andando? E o sol? E esse calor descomunal? E esses 16kg a mais que me invadiram? Mas, se der um ímpeto de disposição, eu vou com ele ao shopping resolver essas últimas compras.
Jojô voltou hoje de Campo Belo (ela veio nos trazer no dia 25 - que, por sinal, foi meu aniversário menos comemorado da história, não quis nem bolo nem saída pra almoçar ou jantar, só queria vir de Perdões pra BH e saber que teria assistência) e minha mãe vem dia 2. Nina, espera a vovó chegar! Faço questão da presença dela no nascimento da Nina. A princípio ela estava receosa, dizia que não ia querer ver, mas depois foi se informando, viu que o parto em casa é seguro, e parece que está feliz em poder participar, além de estar aqui pra dar uma mão com Aurora e com o que precisar ser feito.
Hoje dei uma relida no blog da gravidez da Aurora a partir das 38 semanas. Nossa, como foram atribulados aqueles últimos dias... Em comparação com essa gestação, estou sofrendo de ócio. (Saudade da minha máquina de costura que não daria pra trazer...) Mas antes isso do que o vuco-vuco de ficar fazendo exames e tendo médica louca me apavorando.
Só estou muito mais cansada e indisposta. E o calor está demais! Como é difícil esse finalzinho!

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Chá de Bênçãos e a preparação para ir para BH

Quando escrevi o último post mal sabia eu o que me aguardava mais à tarde, naquele mesmo dia...
Minhas amigas organizaram um chá de bênçãos pra mim! Totalmente em segredo! Pra quem não sabe, um chá de bênçãos é um encontro pra mentalizar coisas boas pra gestante e pro bebê, acontece um escalda-pés com ervas, não falta comida (aqui sobrou muita, inclusive!) e muitas vezes uma parteira ou outra pessoa faz um tipo de ultrassom sobre a barriga da gestante, desenhando o bebê de acordo com a posição dele. No meu caso, foi uma tatuadora profissional quem fez o desenho! Foi bem mais simbólico, já que, mesmo tendo uma amiga médica que apalpou e determinou a posição da Nina, o desenho que dava pra fazer era mais artístico. Ficou uma fofura!
O escalda-pés então, que delícia que foi... ganhar massagem, me sentir mimada.. Nossa, foi demais! E eu sem nem suspeitar de nada!!! Foi muito gostoso.
Maridos e crianças vieram, ficaram à vontade, parecia uma casa dessas famílias enormes. E o que são os amigos, senão uma família que escolhemos ter, não é?

Por falar em chá, desisti mesmo de fazer chá de bebê. Ai, animação zero. Felizmente já temos tudo que precisamos e fazer um encontro pensando em ganhar presentes não é nem um pouco a minha cara. Eu gosto de reunir as pessoas, conversar sobre a gestação.. e foi exatamente isso que fizemos no chá de bênçãos. Fui dormir extasiada.

Eu, sendo uma diva!

Paula fazendo belly painting

Eu e Marina, madrinha da Nina <3


Passei o fim de semana bem preguicento. Meu corpo está MUITO pesado, desajeitado, as roupas não servem, sinto muito calor... Sair pra almoçar no restaurante foi um martírio. Sem contar que ainda estou dirigindo e o volante fica relando no umbigo e dá uma sensação muito esquisita. Pra mim, chega! Agora que venha BH pra eu ficar de molho em casa esperando minha filha dar algum sinal de que vai nascer.
Hoje passei o dia arrumando a mala pra BH. Vamos logo depois do Natal, quando completo 38 semanas. Honestamente, acho que Nina só nasce depois das 40, mas não quero ser pega desprevenida.
Nessa última semana venho sentindo contrações de Braxton-Hicks, as contrações de treinamento. A barriga endurece, mas não sinto qualquer dor. Nina está mexendo menos de uns dias pra cá. Talvez tenha decidido a posição que quer ficar e parado de brincar de pião dentro de mim. Mas confesso que qualquer diminuição de movimentos é motivo pra gente assustar. Mãe é um bicho besta, preocupa com tudo.

Enquanto escrevo aqui, ela está mexendo, como se me dissesse que está bem.
Não vejo a hora de ter um bebezinho dormindo do meu lado, aquele cheirinho... Vem, Nina!

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Afazeres feitos, agora é só esperar...

Em pouco mais de um mês consegui terminar todos os itens que ainda faltavam pra chegada da Nina. Bem, a lista de músicas pro parto ainda está uma parte em pendrive e outra em CD, mas em BH eu vou ter tempo de colocar tudo no pendrive.
Amanhã faço 37 semanas e tem gente achando que a Nina vem em dezembro mesmo. Bem, só se for depois do dia 26, porque preciso conseguir chegar em BH antes! Está escutando, Nina?!
Fui fazer uma pesquisa sobre registro de recém nascido de parto domiciliar, pra saber quais documentos vamos precisar e tal, e aí descobri que uma criança pode ser registrada na cidade onde nasceu ou na cidade de residência dos pais. Conversei com o Arthur, ele disse que pra ele tanto fazia ela ser campobelense ou belorizontina. Mas eu acho que ter uma filha na capital do Rio e outra na capital de MG vai ser mais legal.
Hoje terminei meu ensaio de acompanhar a barriga crescendo no studio da Polly. Fiquei impressionada como a barriga aumentou e realmente abaixou das 30 pras 36 semanas! A foto na cadeira é uma zoação pra representar como me sinto nessa reta final...rs


Ah, tomei a decisão de não fazer o exame de streptocpcocos. Para saber mais sobre o assunto, dê um Google, porque estou com preguiça de explicar. :P
E bora voltar pra máquina de costura, porque preciso me ocupar pra não pegar no pé do marido e da filha. Hormônios a mil aqui e tudo me irrita!